A verdadeira posição do Islam sobre o Apedrejamento

Atualmente, muitos acreditam que todo muçulmano defende a morte mediante os adúlteros por linchamento coletivo, mas a realidade é bem distante dessa visão reducionista.

RELIGIÃO

André Nogueira

11/20/20232 min ler

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Atualmente, muitos acreditam que todo muçulmano defende a morte mediante os adúlteros por linchamento coletivo, mas a realidade é bem distante dessa visão reducionista.

Muitas pessoas associam a prática do apedrejamento coletivo com o mundo árabe e acaba fazendo duas correlações errôneas: a de que todos eles acontecem entre muçulmanos e que todo muçulmano endossa esse tipo de ação. Nada mais longe da realidade: o islam, de maneira semelhante ao cristianismo, defende práticas que fogem da violência e do ódio, todavia, uma parcela ligada ao poder corrompe essa lógica com exclusivismos. A questão principal sobre o tema é o fato de que muitos desconhecem as leis islâmicas e são enganados pelo preconceito. A pena de morte por apedrejamento para praticantes do adultério público (ou seja, com testemunhas e de conhecimento social) não consta no Corão, e tampouco é destinado apenas para as mulheres. O estatuto penal historicamente desenvolvido partiu de reflexões políticas que extrapolam a questão religiosa, e foi estabelecida como punição capital cujo responsável deve ser um agente da Justiça, não o povo. Isso evitaria tentativas de vingança, e fomentaria uma suposta limpeza da honra do condenado, não sendo obrigatória a sentença.

Uma prova de que essa não é uma pratica inerente ao Islã é o fato de que, dos mais de cinquenta países muçulmanos no mundo, apenas 6 ainda possuem essa pena. E, na maioria deles, existem lutas no interior da comunidade muçulmana que pedem o fim da prática, que realmente vem perdendo espaço progressivamente. A maioria do clero islâmico mundial repudia o apedrejamento hoje em dia. A maioria das práticas da pena ocorre entre grupos fundamentalistas ou em governos ditatoriais em práticas clandestinas, e ambos são repudiados por boa parte dos islâmicos. Mesmo em países como o Afeganistão, que é uma República Muçulmana e é atrelado a prática constantemente em vídeos disseminados pela internet, o apedrejamento é um crime passível de pena, segundo a legislação nacional. Portanto, os que cometem esses atos, muitas vezes, são radicais e criminosos que decidem fazer justiça com as próprias mãos, e crimes hediondos existem em todos os lugares do mundo, em suas formas (no Brasil, por exemplo, o linchamento tem um papel de destaque). Quando o Corão ou a Bíblia legitimam tal prática, é resultado do ímpeto daquele que lê, e culpar a religião isoladamente é um recurso pueril.


Talibã, Al-Qaeda, Boko Haram e ISIS são uma minoria no Islã, e sua maioria nasceu do fomento de movimento antigovernamentais e radicais por parte de potências europeias em intervenção no Oriente Médio, África e Ásia. Relacionar diretamente a prática à religião é um reducionismo perigoso e potencialmente ofensivo, que não se atenta a grande parte, fundamentalmente popular e honesta, que forma a comunidade islâmica.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-a-verdadeira-posicao-do-islamismo-em-relacao-a-cruel-pratica-de-apedrejamentos.phtml